segunda-feira, 29 de março de 2010

Velharias poéticas I

    O grito de angústia discorre, descrito, por linhas a fio. Um urro grotesco, que mostra-se poesia. Pessoas-prosa não acreditam: contam, medem, meditam; lêem, oram, recitam... Metas, manias e maneiras mantidas, sempre, em má minoria!
    Precisa-se fazer amor com as mães. Dependemos disso para estar aqui.
Que alguém dependa de mim! Todas merecem: minha mãe, minhas avós... Minhas bisas, se estivessem vivas, embora viúvas...
    Nós somos: emaranhado abstrato de matéria que, apesar da consistência, ilude. Irmãos humanos. Uns mais, uns menos.
    Tenho três. Tive dois. Antes, um. Primeiro nenhum. Era só. Eu e a paz dos pais. Paz?
    Era um. Eras depois, somos quatro, e não seremos mais se as mães não quiserem!
Rotina e cidade: mais um dia de idade depois de cada noite. Faz-se fundamental otimizar a produção nos sonhos. Ou então nos deixem acordados para mais e melhor viver. Ficaremos acostumados a servir, alcançar e superar objetivos... alheios............

    Alheios... Atol........... Atoleiro...................
    Lama, muita lama.......................................

    E nós dentro. Um nó.
   
    Ou mar...

    Azul... Azulejo........... Luz..........................
    Lama é luz!

    E nós estamos dentro, num nó!

    Objetos que compram objetos.
    Abjetos.

    Hipóteses agudas da ironia forjada com ferro inglês: assa-se o aço, sem sucesso. Gargalha-se seco e patético, mal sentado em alguma cadeira, que devolve em dobro o peso que sobre ela pesa, gerando pontuais desconfortos.
   
    Hipnótico para o hipopótamo, o boiar melancia só se torna possível quando rolam-lhes. O boiar-pessoa é possível por cabeças, troncos e membros, continentes de um pulmão que é ar – elemento esparso quando comparado à água, e denso quando comparado ao vácuo – e, por isso, flutua. Pessoas, bóias, lixo, óleo: coisas que não querem saber de profundidade aquática!

    Filosofias polemicistas, polis pura, urbe arrogante, mundo mala.
Meios de transporte: tele, vale, táxi, viação canela, coche, charrete, colo, cela, esteira, coletivo, escada, elevador..
    Tudo de um jeito que não poderia ser diferente, se diferente não fosse.
    Cada um com sua coisa. Vê, ouve, cheira, toca, lambe e engole... Sente. Intui, talvez.
    Tem muito pedaço. Cada um com o seu.
    Cada casa um caso.
    Cadafalso verdadeiro:
    Todos de si prisioneiros!
    Dorme-se em pé em Paris. Já para parir se deita, porque assim a religião nos dita!

Um comentário:

  1. Porra, quando for tomar dessas paradas chama os amigos.
    Pablo Charuto

    ResponderExcluir