sexta-feira, 26 de março de 2010

Aqui nao tenho acento

Ja é sexta-feira, e inicio meu 5° dia em Buenos Aires. E eu ainda nao consegui deixar de ficar surpreso a cada vez que me dou conta de como tem gente no mundo. Cada perspeciva, cada foco de consciencia, com sua vivencia especifica. Milhoes de particularidades para cada um. Ainda me falta conhecer a Asia, a Europa, a Africa e a Oceania, alem de muitos de nossos vizinhos e, da America do Norte, tudo aquilo que tem acima da Cidade do Mexico. E ja me contento em peceber apenas vestigios, ciente de que, se passo pela rua vizinha, deixo de ver infinitas coisas. Ademais, percebo tambem que o meu jeito calado, essa inseguranca (que imagino ter herdado de minha mae, por mais que ela lide de forma completamente diversa com a dela), essa inibicao cronica de nao ser perfeitamente compreendido, sabendo da impossibilidade desta compreensao, tambem atrapalha bastante o contato com o material de minhas conclusoes. Começo a acreditar que a complexidade de tudo e muito mais simples do que parece. E viver com fluidez nao demanda mais do que uns poucos detalhes.

A culpa, afinal, deve ser desses sujeitos que admiro, que me fazem querer ter algo deles, sem a convicçao necessaria para tal.

Ja gosto de minhas musicas, muitas delas me divertem. Mas me faltam, talvez em medidas identicas, o refino de um Moacir Santos, a rudeza assumida dos Ramones e a poesia absoluta de Chico Buarque.


Gosto tambem de muito do que escrevo. Relendo algumas de minhas coisas, as vejo dignas de... um blog! Mas, na cronica curta e arrebatadora, quem me dera ter um que de Galeano e escrever ao menos um 'caderno de notas dos abraços'; seria um sonho saber metade das palavras que sabia Guimaraes Rosa, e ter um decimo de sua imaginacao para nomes; na verdade, ja ficaria satisfeito em ser didatico como qualquer autor de livros de auto-ajuda.

Sinto a perfeiçao das coisas com nitidez, e me volto para dentro, procurando vestigios desa perfeiçao em mim. Mas talvez ela esteja aqui do lado de fora mesmo...

5 comentários:

  1. identificacao total, hermano...
    e conclui o texto de forma bem yogi, pro orgulho do professor =)

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  2. Marcão, teus textos são muito bons, mas na maioria dos casos se restringem a: meu, meu, meu, meu, eu, eu, eu, eu, e quero, quero, quero...

    uma visão um tanto, Antropocentrado....
    ou merlhor, Marcospocentrado???

    Enfim, aqui eu tambem não "tenho" acento, concordância, ou discrepância... acho que só sobra mesmo um "plect" de ressonância...

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  3. pra isso e pras falsas modéstias...

    iniciei!

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  4. Acho que entendi porque nós dois juntos somos.

    Enquanto ele ia no "eu, eu, eu", no "sujeitos que admiro" eu me via.

    Pra nada me sentir depois do Chico...

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