Dei-me ao luxo de um taxi. Do contrário andaria bastante com uma mochila e um violão às costas. Já entrei dizendo que não tinha dinheiro. O motorista, sabe-se lá porque, simpatizou. Principalmente quando pedi que passassemos por um caixa eletrônico, e que sugerisse o melhor caminho. Do que, ao dizer, concordei: excelente. Ele gabou-se e fez-se serelepe com sinais e algumas regras de trânsito. Saiu esquisito do posto onde paramos, e avançou sobre o cruzamento subsequente... Seguiu em frente, quando era o caso de virar, ainda que para mais longe do destino por conta da orientação das mãos. Prestimoso, poupou a volta cruzando a avenida, logo depois de um ônibus que seguia no sentido oposto... Atravessando a rua, para onde íamos clandestinos, o casal. Que assustou-se, e chegou a xingar baixinho, mas saiu ileso de nossa pressa e nossos desvarios. Ele então bateu com o cotovelo no meu, sem largar o volante, e sussurou algo. Riu de nervoso, tentou retratar-se em palvras, sem muito sucesso. Chegamos mais cedo, deveras. Ele desprezou os centavos que dei para alcançar a marcação precisa do taxímetro. E inocentou-se assim.
terça-feira, 30 de março de 2010
Taxi!
Dei-me ao luxo de um taxi. Do contrário andaria bastante com uma mochila e um violão às costas. Já entrei dizendo que não tinha dinheiro. O motorista, sabe-se lá porque, simpatizou. Principalmente quando pedi que passassemos por um caixa eletrônico, e que sugerisse o melhor caminho. Do que, ao dizer, concordei: excelente. Ele gabou-se e fez-se serelepe com sinais e algumas regras de trânsito. Saiu esquisito do posto onde paramos, e avançou sobre o cruzamento subsequente... Seguiu em frente, quando era o caso de virar, ainda que para mais longe do destino por conta da orientação das mãos. Prestimoso, poupou a volta cruzando a avenida, logo depois de um ônibus que seguia no sentido oposto... Atravessando a rua, para onde íamos clandestinos, o casal. Que assustou-se, e chegou a xingar baixinho, mas saiu ileso de nossa pressa e nossos desvarios. Ele então bateu com o cotovelo no meu, sem largar o volante, e sussurou algo. Riu de nervoso, tentou retratar-se em palvras, sem muito sucesso. Chegamos mais cedo, deveras. Ele desprezou os centavos que dei para alcançar a marcação precisa do taxímetro. E inocentou-se assim.
A pressa
Dia desses, atropelei uma senhora. Estava a pé, por sorte. E a senhora era sólida, pra minha tranquilidade.
Olhava para o outro lado da rua. Vinha no pique, trotando. Correndo por trás do ônibus, dentro da rua, pra evitar o ritmo de romaria que acomete a imensa maioria das pessoas.
Quando vi, era tarde. Acho que ainda tentei segurá-la. Tenho quase certeza que não consegui, ainda que talvez tenha amortecido a queda. As pessoas, já escandalizadas, murmurando mandingas contra minha conduta absurda: derrubar a senhora com a brutalidade do peito.
Não me fiz de cretino. Clamei, cedo, por Deus. Abandonei por um instante a pressa para ajudar a mulher, que já levantava. Levantei-a num susto. E orei por meu destino em voz alta, buscando perdão. Olhava-a nos olhos enquanto passava a mão por seu braço molhado embora aparentemente são. Pedi desculpas de todas as formas que conheço e, quiçá, o povo que sequer ajuntava, inclusive, já simpatizasse comigo e comentasse, cada um para si, que esta vida afobada que escolhemos tem seus percalços.
Engoli a multidão de desculpas para ouvir o que me dizia a senhora: "estamos, os dois, com pressa, meu filho. Só isso". Eu, que já tremia, quase chorei... E segui em direção à barca, ainda a tempo. Corri mais, claro. Mais atento, certamente.
E pensava no restinho de caminho: tenho que mudar... Mas, mudar o quê? Não sabia! Afinal estamos, praticamente todos, atrasados para algo. A vida urge, ruge a urbe. E a gente, simplesmente, aceita. Se deixa levar.
Se preciso, até rezo pra que a tal senhora esteja bem. Mas já passa de meia-noite... Tenho que trabalhar amanhã e talvez precise ficar para escrever. Amanhã devo sair correndo, mais uma vez... Que as senhoras tomem outro rumo.
Olhava para o outro lado da rua. Vinha no pique, trotando. Correndo por trás do ônibus, dentro da rua, pra evitar o ritmo de romaria que acomete a imensa maioria das pessoas.
Quando vi, era tarde. Acho que ainda tentei segurá-la. Tenho quase certeza que não consegui, ainda que talvez tenha amortecido a queda. As pessoas, já escandalizadas, murmurando mandingas contra minha conduta absurda: derrubar a senhora com a brutalidade do peito.
Não me fiz de cretino. Clamei, cedo, por Deus. Abandonei por um instante a pressa para ajudar a mulher, que já levantava. Levantei-a num susto. E orei por meu destino em voz alta, buscando perdão. Olhava-a nos olhos enquanto passava a mão por seu braço molhado embora aparentemente são. Pedi desculpas de todas as formas que conheço e, quiçá, o povo que sequer ajuntava, inclusive, já simpatizasse comigo e comentasse, cada um para si, que esta vida afobada que escolhemos tem seus percalços.
Engoli a multidão de desculpas para ouvir o que me dizia a senhora: "estamos, os dois, com pressa, meu filho. Só isso". Eu, que já tremia, quase chorei... E segui em direção à barca, ainda a tempo. Corri mais, claro. Mais atento, certamente.
E pensava no restinho de caminho: tenho que mudar... Mas, mudar o quê? Não sabia! Afinal estamos, praticamente todos, atrasados para algo. A vida urge, ruge a urbe. E a gente, simplesmente, aceita. Se deixa levar.
Se preciso, até rezo pra que a tal senhora esteja bem. Mas já passa de meia-noite... Tenho que trabalhar amanhã e talvez precise ficar para escrever. Amanhã devo sair correndo, mais uma vez... Que as senhoras tomem outro rumo.
segunda-feira, 29 de março de 2010
Curiosidade mata a gente...
Legal essa coisa de ter um mapa mostrando de onde partem os acessos ao blog. Me sinto especialmente cosmopolita ao ver o mundo coalhado de pontos vermelhos...
Mas quem diabos sera o indiano que acessou uma vez ao blog??
Perdido, certamente... Deve, inclusive, ter pensado que ancorou em Portugal quando intuiu que se trata do portugues o que aqui se escreve... 500 anos depois, a historia se repete!
Mas quem diabos sera o indiano que acessou uma vez ao blog??
Perdido, certamente... Deve, inclusive, ter pensado que ancorou em Portugal quando intuiu que se trata do portugues o que aqui se escreve... 500 anos depois, a historia se repete!
Fui de bicicleta mesmo
Fui de bicicleta mesmo. A primeira puxada já deu o tom. Do alto da Hermenegildo, onde chegara a pé havia alguns dias, sai com a magrela, pedalando acima. Comecei a entender as dificuldades possíveis, embora não consiga precisar porque mantive em mente que, de alguma forma, seria fácil. E subia. Lembrava de leve do cigarrinho tragado, minutos antes, num rasgo de ousadia. E subia. Até o Curvelo foi o custo. Sabe-lo começou a compensar a ousadia com alguns pequenos medos. Mas tudo fluiu a contento. E fui. Do Curvelo ao Silvestre, Santa Teresa inteira, ali exposta em cima daquele morro, de dentro daquelas casas, debruçada das janelas. Era um poente poético. O transe. Alguns laivos de beleza absurda escapavam das árvores densas. O mar de jaqueiras fogosas invadia o asfalto com fúria de cheiro outro que não gasolina. E os carros passando sobre o escarro de vida que é o fruto despedaçado no chão. Concede-lhe a fresta, qu’ele há de nascer. Nascer jaqueira, de rasgar concreto com as pernas e exalar a tensão adversa daquilo que de si apodrece para voltar à vida. Duvidei, mas fui subindo. Dali procurei as placas, e tinha mesmo a sensação de estar próximo. Não estava, mas fui subindo. Começava a ponderar que descer seria uma delícia. Como foi, de fato. Mas ainda não podia saber. Precisava chegar, e cheguei a apostar comigo. Quem sabe, sequer botar os pés no chão. Mas pus, na indecisão da estrada, bifurcante e translocada, de um lugar confuso. Ali perdi um pouco a aposta. Pensava que não poderia retomar sem voltar alguns passos. Mas me concentrei e consegui. E foi bom. Por que, dali, não parei. E fui subindo. Não comentei tanto quanto queria a Santa. E ela é linda, de se querer lá morar. Com ela, nela. Sem mais ninguém. Isso tudo, e eu ia indo, como sempre subindo. Novos momentos de pensar em parar. Diminuía muitíssimo o passo, o compasso que me pedala ladeira acima. E eu indo, subindo. Devagar, mas sempre. Via Cristo. Ele não me via. Via o mar. Eu via mato. E ia, subindo.
Houve momento de hesitação frente a turba de turistas distantes ou não que queriam não só ver, mas que o Cristo os visse. E iam subindo. Eles de trem, eu de bicicleta. Ia bem, subindo. Desviei de todos os carros, que até então também vinham subindo, mas congestionavam-se num mesmo querer de um espaço pouco para tantos roncos e trocos e importâncias. Era um momento importante. E eu estava próximo, embora ainda subindo. Ia e a música veio. Uma cancela cancelava os carros e o veículo mais rápido chegamos a ser: eu e a bike. Coisa só, que subia. E a música dentro dos ouvidos vazios, esvaziando a cabeça cheia. Musica pra si guardada, que move o homem em suas manias. As más, as médias e as melhores manias. Todas copulando e sorrindo e dizendo o que querem umas para as outras. Multidão de mitos que nos povoa. Clareia consciência, conhece. Carinho carcará. Caminho, camará, compadre leva eu. E eu vou. Subindo. Só com a bicicleta e o esforço contínuo, embora variável em intensidade, ímpeto e depuração. Tudo no mesmo dom. Somando. Construindo junto. Tudo pra subir. Chegava a cantar pra subir. E ia. Subindo.
Até que lá cheguei. Havia água. Fui nela. Eu nela. Era maga, mas fria. Massagens se iam, só dela em mim. Eu nela, um detalhe. Estava molhado e, inundado, cedia. Tremia. Era frio. Pulava. Era sapo. Partia. Descia.
A santa, os trilhos, os freios e o poder da velocidade nas mãos. Algo de pegar pelo fio. E depender do equilíbrio que ainda não tem para não cair.
E não cair.
Desce na classe, mas vence...
A gente.
Em 04 03 2008
Houve momento de hesitação frente a turba de turistas distantes ou não que queriam não só ver, mas que o Cristo os visse. E iam subindo. Eles de trem, eu de bicicleta. Ia bem, subindo. Desviei de todos os carros, que até então também vinham subindo, mas congestionavam-se num mesmo querer de um espaço pouco para tantos roncos e trocos e importâncias. Era um momento importante. E eu estava próximo, embora ainda subindo. Ia e a música veio. Uma cancela cancelava os carros e o veículo mais rápido chegamos a ser: eu e a bike. Coisa só, que subia. E a música dentro dos ouvidos vazios, esvaziando a cabeça cheia. Musica pra si guardada, que move o homem em suas manias. As más, as médias e as melhores manias. Todas copulando e sorrindo e dizendo o que querem umas para as outras. Multidão de mitos que nos povoa. Clareia consciência, conhece. Carinho carcará. Caminho, camará, compadre leva eu. E eu vou. Subindo. Só com a bicicleta e o esforço contínuo, embora variável em intensidade, ímpeto e depuração. Tudo no mesmo dom. Somando. Construindo junto. Tudo pra subir. Chegava a cantar pra subir. E ia. Subindo.
Até que lá cheguei. Havia água. Fui nela. Eu nela. Era maga, mas fria. Massagens se iam, só dela em mim. Eu nela, um detalhe. Estava molhado e, inundado, cedia. Tremia. Era frio. Pulava. Era sapo. Partia. Descia.
A santa, os trilhos, os freios e o poder da velocidade nas mãos. Algo de pegar pelo fio. E depender do equilíbrio que ainda não tem para não cair.
E não cair.
Desce na classe, mas vence...
A gente.
Em 04 03 2008
Velharias poéticas III
Reflexões abstratas.
Pratico devir abrasivo vidrado na brasa do cigarro e sua verve quente. A cabeça, sendo carregada por um travesseiro de formigas, arrasta o corpo e sua solicitude, solicitando aos solidários que se neguem a ajudar; que a deixem estar vagando, inerte em parte, sobre aquelas minúsculas vontades. Toda a volitude submersa na vala dos padrões, patrões e um pouco de pão. Circo jamais.
Seriedade sincera. Habitat urbano. Comedimento maduro. Babaquice ordeira. Bebida social. Vigor casual. Virilidade oportuna. Empreendedorismo! Tudo isso é Deus.
Árido, descasco o vitral, guardando cada lâmina; com muitas delas forjando espadas, com outras tantas cerzindo couraça... Armas que me protegem das armas alheias.
Cada um com sua capa de escamas.
Trocar de pele precisa-se.
Depois, dar um passo atrás para, vendo mais de longe, decifrar o mosaico e descobrir: nele não existe casca, mar de partículas que é. Vital. As muitas brechas brilham daqui. Pode-se mergulhar certeiro. Então, atravessar o fardo, as armas, as armaduras... E encontrar a luz.
Simples assim!
Pratico devir abrasivo vidrado na brasa do cigarro e sua verve quente. A cabeça, sendo carregada por um travesseiro de formigas, arrasta o corpo e sua solicitude, solicitando aos solidários que se neguem a ajudar; que a deixem estar vagando, inerte em parte, sobre aquelas minúsculas vontades. Toda a volitude submersa na vala dos padrões, patrões e um pouco de pão. Circo jamais.
Seriedade sincera. Habitat urbano. Comedimento maduro. Babaquice ordeira. Bebida social. Vigor casual. Virilidade oportuna. Empreendedorismo! Tudo isso é Deus.
Árido, descasco o vitral, guardando cada lâmina; com muitas delas forjando espadas, com outras tantas cerzindo couraça... Armas que me protegem das armas alheias.
Cada um com sua capa de escamas.
Trocar de pele precisa-se.
Depois, dar um passo atrás para, vendo mais de longe, decifrar o mosaico e descobrir: nele não existe casca, mar de partículas que é. Vital. As muitas brechas brilham daqui. Pode-se mergulhar certeiro. Então, atravessar o fardo, as armas, as armaduras... E encontrar a luz.
Simples assim!
Velharias poéticas II
Arrisco uma carta. Mais uma noite insone. Noite que encerra em si uma coisa densa, quase pegajosa: no escuro traça-se um pensar táctil, discreta fumaça de incenso a refletir a lua. Essa, toda azul, sorve o fluxo – delicia-se. Despeja tons, não tão sonoros – um diapasão de luz.
Ondas irradiam, preguiçosas. Meros pensamentos, que flutuam frouxos; ou tornam-se arredios rente aos azulejos, onde reverberam, inter-amplificando-se e escoando muro acima.
Paredes: inertes obstáculos que obrigam a maré a dar voltas para alcançar suas metas. Uma linha reta e seu imediatismo nato nos levariam até lá com muito menos do tempo – que, tão pouco, temos – para cruzar as eras e aparar as heras, melhor passeando pelo jardim algum.
Ícones solícitos, símbolos, signos. O sono que não vem. Hotel dos olhos, uma tela se expressa. Na boca, um balde de saliva seca. No ouvido o vão ventilar das pás e os estalos do teclado percutido, seguindo um fio de assunto cerzido pelos dedos, seus dedais e idéias ideais. Idéias comuns também, claro. Muitas delas.
Só no corpo, um oco vazio... de um silêncio absurdo!
Menos mal do que ter maus sonhos, pesados pesadelos de quem adormece temendo até travesseiros.
Ondas irradiam, preguiçosas. Meros pensamentos, que flutuam frouxos; ou tornam-se arredios rente aos azulejos, onde reverberam, inter-amplificando-se e escoando muro acima.
Paredes: inertes obstáculos que obrigam a maré a dar voltas para alcançar suas metas. Uma linha reta e seu imediatismo nato nos levariam até lá com muito menos do tempo – que, tão pouco, temos – para cruzar as eras e aparar as heras, melhor passeando pelo jardim algum.
Ícones solícitos, símbolos, signos. O sono que não vem. Hotel dos olhos, uma tela se expressa. Na boca, um balde de saliva seca. No ouvido o vão ventilar das pás e os estalos do teclado percutido, seguindo um fio de assunto cerzido pelos dedos, seus dedais e idéias ideais. Idéias comuns também, claro. Muitas delas.
Só no corpo, um oco vazio... de um silêncio absurdo!
Menos mal do que ter maus sonhos, pesados pesadelos de quem adormece temendo até travesseiros.
Velharias poéticas I
O grito de angústia discorre, descrito, por linhas a fio. Um urro grotesco, que mostra-se poesia. Pessoas-prosa não acreditam: contam, medem, meditam; lêem, oram, recitam... Metas, manias e maneiras mantidas, sempre, em má minoria!
Precisa-se fazer amor com as mães. Dependemos disso para estar aqui.
Que alguém dependa de mim! Todas merecem: minha mãe, minhas avós... Minhas bisas, se estivessem vivas, embora viúvas...
Nós somos: emaranhado abstrato de matéria que, apesar da consistência, ilude. Irmãos humanos. Uns mais, uns menos.
Tenho três. Tive dois. Antes, um. Primeiro nenhum. Era só. Eu e a paz dos pais. Paz?
Era um. Eras depois, somos quatro, e não seremos mais se as mães não quiserem!
Rotina e cidade: mais um dia de idade depois de cada noite. Faz-se fundamental otimizar a produção nos sonhos. Ou então nos deixem acordados para mais e melhor viver. Ficaremos acostumados a servir, alcançar e superar objetivos... alheios............
Alheios... Atol........... Atoleiro...................
Lama, muita lama.......................................
E nós dentro. Um nó.
Ou mar...
Azul... Azulejo........... Luz..........................
Lama é luz!
E nós estamos dentro, num nó!
Objetos que compram objetos.
Abjetos.
Hipóteses agudas da ironia forjada com ferro inglês: assa-se o aço, sem sucesso. Gargalha-se seco e patético, mal sentado em alguma cadeira, que devolve em dobro o peso que sobre ela pesa, gerando pontuais desconfortos.
Hipnótico para o hipopótamo, o boiar melancia só se torna possível quando rolam-lhes. O boiar-pessoa é possível por cabeças, troncos e membros, continentes de um pulmão que é ar – elemento esparso quando comparado à água, e denso quando comparado ao vácuo – e, por isso, flutua. Pessoas, bóias, lixo, óleo: coisas que não querem saber de profundidade aquática!
Filosofias polemicistas, polis pura, urbe arrogante, mundo mala.
Meios de transporte: tele, vale, táxi, viação canela, coche, charrete, colo, cela, esteira, coletivo, escada, elevador..
Tudo de um jeito que não poderia ser diferente, se diferente não fosse.
Cada um com sua coisa. Vê, ouve, cheira, toca, lambe e engole... Sente. Intui, talvez.
Tem muito pedaço. Cada um com o seu.
Cada casa um caso.
Cadafalso verdadeiro:
Todos de si prisioneiros!
Dorme-se em pé em Paris. Já para parir se deita, porque assim a religião nos dita!
Precisa-se fazer amor com as mães. Dependemos disso para estar aqui.
Que alguém dependa de mim! Todas merecem: minha mãe, minhas avós... Minhas bisas, se estivessem vivas, embora viúvas...
Nós somos: emaranhado abstrato de matéria que, apesar da consistência, ilude. Irmãos humanos. Uns mais, uns menos.
Tenho três. Tive dois. Antes, um. Primeiro nenhum. Era só. Eu e a paz dos pais. Paz?
Era um. Eras depois, somos quatro, e não seremos mais se as mães não quiserem!
Rotina e cidade: mais um dia de idade depois de cada noite. Faz-se fundamental otimizar a produção nos sonhos. Ou então nos deixem acordados para mais e melhor viver. Ficaremos acostumados a servir, alcançar e superar objetivos... alheios............
Alheios... Atol........... Atoleiro...................
Lama, muita lama.......................................
E nós dentro. Um nó.
Ou mar...
Azul... Azulejo........... Luz..........................
Lama é luz!
E nós estamos dentro, num nó!
Objetos que compram objetos.
Abjetos.
Hipóteses agudas da ironia forjada com ferro inglês: assa-se o aço, sem sucesso. Gargalha-se seco e patético, mal sentado em alguma cadeira, que devolve em dobro o peso que sobre ela pesa, gerando pontuais desconfortos.
Hipnótico para o hipopótamo, o boiar melancia só se torna possível quando rolam-lhes. O boiar-pessoa é possível por cabeças, troncos e membros, continentes de um pulmão que é ar – elemento esparso quando comparado à água, e denso quando comparado ao vácuo – e, por isso, flutua. Pessoas, bóias, lixo, óleo: coisas que não querem saber de profundidade aquática!
Filosofias polemicistas, polis pura, urbe arrogante, mundo mala.
Meios de transporte: tele, vale, táxi, viação canela, coche, charrete, colo, cela, esteira, coletivo, escada, elevador..
Tudo de um jeito que não poderia ser diferente, se diferente não fosse.
Cada um com sua coisa. Vê, ouve, cheira, toca, lambe e engole... Sente. Intui, talvez.
Tem muito pedaço. Cada um com o seu.
Cada casa um caso.
Cadafalso verdadeiro:
Todos de si prisioneiros!
Dorme-se em pé em Paris. Já para parir se deita, porque assim a religião nos dita!
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